O luto pelo bebê falecido: uma reflexão às mães que se isolam

 Bert Hellinger (1996), em seus estudos sobre constelações familiares, definiu leis que atuam sobre famílias, grupos e pessoas. 

Vamos focalizar nesta reflexão uma delas, a lei da “Pertinência”: membros que se ausentam de um grupo familiar (por razões diversas) não perderão o direito de pertencerem a essa família. 

A ausência física pelo óbito também se aplica a essa lei: o bebê falecido tem igual direito de pertencer ao grupo familiar. 

Vivenciar profundamente o processo de luto pode também trazer essa descoberta: encarar o passado para ganhar o futuro e estabelecer o lugar na família ao bebê falecido. A descoberta do pertencimento. 

A experiência do acolhimento psicológico do IPGG tem apontado casos de mães que optam pelo isolamento, após o falecimento de seus bebês afetados pela Enterocolite Necrosante. Elas se calam e vivenciam suas dores sozinhas. 

Temos como hipóteses para esse isolamento múltiplas causas :tentativa de desviar o olhar de seus sentimentos de culpa, raivas, rancores, decepções, impotências ,auto recriminações ,auto- estima baixa… 

Sentimentos esses compreensíveis e inerentes ao acontecimento da morte. 

Em outros casos , o grupo familiar e rede de relacionamento tentam bloquear a externalização da tristeza ,pelo temor à depressão. São impedidas de chorar ,são cobradas a voltarem às atividades habituais, mesmo que não estejam preparadas . A tristeza é inevitável e depressão tem outro significado. O luto reprimido, sim, pode trazer complicações emocionais. 

Assim, movimentos da família, cultura e religião podem interferir no comportamento da mãe enlutada, de modo a impedir que procurem o acolhimento psicológico ,cujo espaço é devido às lágrimas, aos desabafos, aos questionamentos ,conscientizações ,esclarecimentos . É livre e individual. Onde também haverá abertura à essa mãe para chorar pelo filho falecido e sentir a felicidade pelo outro filho vivo e saudável ,ao mesmo tempo. 

É possível lidar com o luto e reencontrar-se ! 

Por: Paula Mercado Del Giudice , Hortênsia Rosito e Eloisa Simionato 

One thought on “O luto pelo bebê falecido: uma reflexão às mães que se isolam

  1. Sou Mãe de Um Anjo Chamado Pedro. Não Foi Devolvido a Interoculiti, foi uma Hemorragia Pulmonar. Mas Meu Outro Bebê que Graças a Deus É Vivo, teve Interoculiti. Estou Aqui Devido a Ele. Hoje Tenho Uma Filha, Ambos Saudáveis. Mas Sei A Dor da Perda, e a Dor Da UTI.É Muito Difícil Conviver com o Luto. Muitos Não Intendem e Não Concorda com o Luto. Uma Mãe Nunca É Feliz Por Completo Depois da Perda de Um Filho. Apenas Sobrevivo pelos Meus Outros Filhos. Choro Escondido nas Madrugadas, no Chuveiro, Quando Estou Sozinha com Meus Filhos em Casa. Só Nos Resta a Saudade e a Dor.

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