A única divulgação de estatísticas sobre a enterocolite necrosante até agora é feita por parte da Rede de Pesquisa Neonatal, da Fiocruz, que mostra que nos últimos sete anos a incidência da doença foi de 6% a 8.5% em bebês nascidos com menos de 1500g nas instituições participantes.

Uma enquete informal realizada num grupo de pais de bebês prematuros de uma rede social aqui no Brasil mostrou que de um total de 166 respondentes, 24 tiveram bebês afetados pela enterocolite necrosante que se recuperaram, 4 tiveram bebês que vieram a óbito e um ainda estava em tratamento.

Existem algumas maneiras para tentar estimar a incidência de enterocolite necrosante no Brasil.

  • Uma estimativa inicial sem relevância estatística usando como base a pesquisa da Fiocruz

 Em 2015, de acordo com a informação divulgada pela Rede de Pesquisas Neonatal, foram 102 casos em 20 instituições diferentes (esse dado não é divulgado por hospital individualmente), o que daria uma media de 5 casos por instituição. Com um total de 780 UTIs neonatal espalhadas pelo Brasil, poderia então se chegar a 3900 bebês afetados pela doença no Brasil. Entretanto, mais uma vez vale ressaltar que esse dado só diria respeito a bebês nascidos com peso abaixo de 1500 gramas, além de considerar uma media de nascimentos e incidência igual por hospital. Tomando a taxa de mortalidade conservadora, chega-se então a um numero de 800 óbitos.

Se considerarmos que 10% dos casos de enterocolite necrosante acontecem com bebês nascidos a termo, então tem-se uma incidência em cerca de 4300 bebês, com mortalidade de 860 (a 20%).

  • Incidência de 10% de prematuros afetados pela enterocolite necrosante

De acordo com o Datasus, em 2014, 332.992 bebês nasceram vivos no Brasil, após uma gestação de até 36 semanas (pré-termo). Considerando que 10% deles tenham sido afetados por enterocolite necrosante (diz-se que 10% de prematuros é a media mundial), tem-se então potencialmente 33.299 bebês afetados. Considerando-se a estimativa mais conservativa de mortalidade, de 20%, pode-se concluir que um total de 7 mil óbitos em decorrência da enterocolite necrosante somente em 201

Utilizando-se como base a taxa de incidência de 10,2 bebês afetados para cada 1000 nascimentos vivos registrado no período 1990-1997, pode-se fazer o seguinte calculo: 2.979.259 bebês nascidos vivos em 2014, de acordo com o Datasus, 10.2 por mil afetados, equivaleria a 30.388 bebês com enterocolite necrosante. Com uma taxa de mortalidade de 20%, o total de óbitos pode ser, conservadoramente, estimado em 6.000.

 O documento de pesquisa ‘Saúde Brasil’ publicado pelo Ministério da Saúde anualmente, oferece dois cenários de causas de mortalidade infantil (até um ano de idade): causas relacionadas a mãe e causas perinatais (entre elas, prematuridade, asfixia, infecções, etc). 51,7% dos óbitos infantis são devidos a:

  • Infecções (8,6%)
  • Causas externas (3,6%)
  • Má-formação-formação (20,7%)
  • Doenças de imunização (0,3%)
  • Causas indefinidas 
  • Outras causas (9.1%)
  • Prematuridade (16.5%)

Apesar de não especificado no estudo, assumimos que enterocolite necrosante está incluído no percentual de mortes por prematuridade. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) divulgados pelo governo brasileiro referentes a 2013, mostram um total de 38.964 óbitos de crianças até um ano de idade em 2013. Desse total, 10.909 óbitos foram relacionados a prematuridade. Fica importante ressaltar aqui é altamente provável que esse numero tenha sido subestimado dado a própria pesquise ressalta a deficiência nos dados divulgados pelo SIM dada a omissão de informação de peso da criança no atestado de óbito. Também vale destacar que em 37,5% dos óbitos não é sabida a duração da gestação da criança que veio a óbito, nos casos de óbito de crianças acima de 28 dias.

Os estudos citados acima oferecem uma direção com a relação aos números sobre a incidência e mortalidade decorrente de enterocolite necrosante no Brasil. Pode-se assumir que a incidência da doença esta entre 4 mil a mais de 30 mil bebês anualmente, com uma mortalidade que pode variar entre 860 a 12 mil casos a ano.

A redução dessa incerteza com relação a números de casos e óbitos é um dos benefícios trazidos pelo projeto de coleta de estatísticas do Instituto Pequenos Grandes Guerreiros.