Homenagem ♥

Palavras da Melissa para homenagear seu pequeno Guilherme no primeiro aniversario de sua partida em 1 de agosto de 2016. Gui aparece na foto ao lado da irmã Manu, que chegou após sua partida.
“Guilherme nasceu com 24 semanas no dia 28/11/2014, pesando 630g, pequeno, mas com uma força gigantesca, depois de uma gravidez conturbada. Os primeiros dias foram difíceis, mas próximo de completar 2 meses ele estava ótimo, exames bons. Ao chegar no hospital dia 24/01/2015 vi uma movimentação muito grande próximo a incubadora dele. Meu coração parecia sair do peito enquanto percorria o corredor até a sala dele…

Gui tinha tido uma parada cardíaca… Dias antes, sua barriga tinha distendido, ninguém sabia me dizer o que ele tinha, foram dias de agonia até diagnosticarem a ENTEROCOLITE NECROSANTE. O tratamento seria com antibióticos, fiquei mais tranquila. Por isso o choque ao chegar no hospital naquele dia 24. A médica disse que teriam que opera-lo. A cirurgia seria arriscada, dado seu estado frágil, mas também seria arriscado deixa-lo sem a cirurgia. Com apenas 900 gramas, meu guerreiro foi para o centro cirúrgico.

A cirurgia foi um sucesso, fizeram uma ileostomia. Os intestinos voltaram a funcionar depois de alguns dias e Gui voltou a receber um ml de leite materno. Mas alguns dias depois formou uma fistula na incisão, o intestino parou e um mês e 10 dias depois da primeira cirurgia ele teve que fazer outra.

Essa segunda cirurgia foi mais complicada, ele sangrou muito, teve parada cardíaca, precisou de adrenalina para voltar… mas deu tudo certo. O pós-operatório foi mais tranquilo… aos poucos Gui voltou a mamar, chegou a mamar 40 ml de leite materno. Até que de repente o abdômen distendeu e os exames dos rins começaram a piorar… Gui estava com ascite… transferimos para outro hospital, onde os médicos foram verdadeiros anjos.

Pouco tempo depois recebi uma ligação, havia um sangramento, uma provável perfuração do intestino, restavam apenas algumas horas de vida para o Gui. Foi o pior dia da minha vida, eu não estava pronta para me despedir. Em desespero, gritei, chorei, esmurrei, … no dia seguinte o cirurgião foi examina-lo e disse que o intestino não tinha nada, que estava tudo bem. Os outros médicos, que presenciaram o sangramento, não acreditavam.

Renovei mais uma vez minhas esperanças, mas no fundo já sabia que não daria mais. Desse dia em diante me dediquei unicamente a curtir meu filho e proporcionar conforto e acolhimento para ele. Curti o Gui todos os minutos. Quando meu coração estava mais preparado, conversei com ele, disse que se estivesse muito difícil para ele que ele poderia descansar, que isso não era desistir, muito pelo contrário, que era um ato de extrema coragem, meu e dele. Alguns dias depois ele partiu… E eu senti uma dor avassaladora, mas um alívio por saber que ele não sofria mais… é tão difícil, pois sofremos pela saudade e nos culpamos pelo alívio que sentimos. Mas sei que me dediquei inteiramente a ele durante os 8 meses e 4 dias que esteve conosco, fiz tudo por ele, acima de tudo amei, acreditei e agradeci por ele ter me escolhido.

Hoje agradeço a benção de ser sua mãe e de tê-lo ajudado a cumprir sua missão, ele também me ajudou a cumprir a minha.

Hoje faz um ano, mas parece que foi ontem, a saudade não passa…

Hoje tenho em meus braços o presente que ele me mandou, minha pequena e doce Manuela, de pouco mais de um mês e que desde a barriga sabe que tem o irmão mais forte, doce e guerreiro que poderia existir e sei que quando ela dá gargalhadas dormindo é porque está brincando com o Gui, sei que eles são conectados e se amam muito. Sou mãe de dois e isso ninguém nunca tirará de nós. Sempre dizia ao Gui que seriamos eternamente mamãe e filhinho e sinto isso cada vez que ele me visita.”