Homenagem ♥
“Sou portadora da Síndrome do Ovário Policístico e no dia 19/12/17 recebi meu milagre, sem tratamento e depois de quase 5 anos de tentativas, descobri que estava grávida. Tive uma gestação tranquila até chegar na 23s fazer a morfológica do 2° trimestre e descobri que estava com IIC (Insuficiência Istmo Cervical), entre internações e altas minha pequena Brunna Vitória nasceu do dia mais lindo, 13/05/18 “Dia das Mães”, de 26s, 1.130g e 37cm, surpreendente nasceu bem maior para a idade gestacional.
Os primeiros exames diagnosticaram leucocitose (< 123.000), sopro no coração e hemorragia cerebral grau 2, no entanto, segundo os médicos o prognóstico era bom para coração (fechar) e o cérebro (reabsorver), mas a leucocitose foi tratada inicialmente como suspeita de leucemia, sendo que os médicos solicitaram repetição de exames em dois laboratórios diferentes, resultados pelos quais sugeriram a realização do mielograma, porém, este exame não foi realizado devido suas plaquetas estarem baixas
Para o tratamento da leucocitose deu se início ao uso de antibióticos que pra honra e glória do Senhor começou a baixar o nível de leucócitos que foram caindo significativamente 120.000, 90.000, 40.000 e 20.000 ( até normalizar foram 20 dias de tratamento).
Nesse 20° dia Brunna saiu da ventilação mecânica e foi para CPAP pelo qual passou mais 11 dias, com 3 tentativas de ir para ar ambiente e no seu 1° Mesversário (13/06/18) contemplamos nosso milagre respirando em ambiente.
Para auxiliar no ganho de peso, foi adicionada uma fórmula (FM85) ao leite materno ou LHP, para que ela recuperasse seu peso, pois, no período de tratamento com antibióticos seu peso caiu bastante chegando a pesar mais ou menos 800g. Sendo assim, no dia 27/06/18 Brunna ultrapassa seu peso de nascimento e com uns dias chega a pesar 1.400g.
Estava tudo indo muito bem, sua recuperação e desenvolvimento surpreendiam toda a equipe multiprofissional, pois, Brunna já havia passado dias bem difíceis e de incertezas, mas seguimos sempre confiantes e crendo que Deus estava operando maravilhas em sua vida e a prova era que estava próximo a chegar aos 1.800g e alcançarmos a tão esperada alta.
No dia 04/07/18, percebemos que seus membros inferiores estavam inchando, houve presença de fezes verdes e ela estava ficando debilitada, e nesse momento ela foi examinada pela médica do plantão que fez alguns procedimentos e exames a fim de descobrir o que estava acontecendo. O resultado dos exames chegaram a noite e fomos informados que se tratava de um quadro infeccioso e mais uma vez iriam entrar com antibióticos.
Nos próximos quatro dias o inchaço foi aumentando nos membros inferioresno abdômen e a urina desapareceu. Ela ficou muito debilitada e necessitou ser entubada.
Com a repetição dos exames, recebemos o diagnóstico da ECN ( Enterocolite Necrosante), sendo seus sintomas abdômen distendido, alças inchadas, sonda de alimentação aberta com líquido de cor marrom e fezes escuras com sangue.
Nessa fase ela ficou 5 dias sem urinar (insuficiência renal) foi quando a neurologista pediátrica solicitou que o cirurgião pediátrico fizesse o cateter peritoneal a fim de Brunna passasse pela diálise. E no dia 13/07/18 foi realizada a cirurgia bem sucedida, logo após o primeiro procedimento da diálise ela já urinou na fralda e contemplamos mais uma vez Deus operando.
A diálise foi feita durante 5 dias com sucesso, seu corpo já havia desinchado todo o líquido que havia sido retido durante o período de insuficiência renal e sua melhora era aparente nesse dia ela foi extubada e ficou em ambiente, sendo interrompida a diálise.
Depois de 4 dias da pausa, a diálise foi retomada a fim de controlar a ureia e ficou por 7 dias sendo feita, no entanto, foi interrompida devido o exame do líquido da diálise apresentar infecção fúngica
O que aparentemente parecia estar sob controle, de uma hora pra outra Brunna teve uma grande recaída, no dia 30/07/18 ela teve uma parada cardíaca (1°), foi reanimada e entubada (V.M.), fazendo uso de adrenalina e dobutamina.
Devido o cateter ter sido diagnosticado contaminado foi solicitado ao cirurgião sua retirada e logo após o procedimento ela teve mais uma parada cardíaca (2°), mais uma vez reanimada e aumentaram a dose dos medicamentos.
Nesse período, e pelo estado gravíssimo que se encontrava era difícil encontrar acesso venoso e eram muitas medicações, e foi realizado no dia 31/07/18 uma dissecação para facilitar e melhorar a entrada venosa dos medicamentos.
Já no dia 01/08/18 foi feito um novo cateter peritoneal para que voltasse a diálise, pois, os exames de sangue estavam todos alterados e logo após o procedimento ela teve mais uma parada cardíaca (3°), foi reanimada e voltou a diálise, porém sem sucessoe foi interrompida.
No dia 02/08/18 constataram que o cateter precisava ser fracionado, porém, foi feito o fracionamento e mais uma vez não deu certo e teve que ser interrompida.
Aos exatos dia 04/08/18 Brunna continuava em estado gravíssimo, frequência cardíaca baixa, saturação baixa, parâmetros altos, sonda aberta produtiva com líquido marrom, porém, não aceitávamos nenhum diagnóstico médico, sempre crendo que o Senhor iria operar um grande milagre.
Mas naquela noite, a FC começou cair rapidamente, a equipe pediu pra sairmos da sala, era mais uma parada cardíaca (4°), todos os médicos do plantão iam um a um reanimar ela, não me recordo quanto tempo foi, mas parecia infinito, e durante todo esse tempo eu observava da porta de vidro que da acesso a sala, fizeram os medicamentos e nos liberaram pra entrar.
Nesse momento ela não tinha uma frequência cardíaca estabilizada, continuava instável e mais uma vez começou a cair e meu esposo saiu pra orar, eu fiquei ali observando o que estava acontecendo, e a médica entrou e me disse que estava esperando ela responder a medicação
Lembro que na hora que entrei na UTI, eu não vi a minha pequena forte e guerreira como já tinha voltado antes de outras paradas, naquele momento eu não vi vida, eu não vi o brilho dos seus olhos, eu não senti o toque dos seus dedos, eu não senti as batidas do teu coração e meu mundo parou por minutos. Ainda lembro, que pedi para te dar meu colo macio, quentinho, cheiroso, para te dar proteção e para se sentir segura que mesmo na sua partida eu estava ali do seu lado. Todo o instante a médica faziaausculta dos batimentos cardíacos e olhava para mim e balançava a cabeça tentando me dizer que você não iria mais voltar. E meu mundo desabou, eram lágrimas infinitas pela sua perda, a dor que nunca imaginei em nenhum momento que iria sentir.
Naquele momento, eu não entendia o que estava acontecendo, por tantos momentos de incertezas que uma mãe de uti possa viver e passar, mas a gente nunca imagina que poderá ser um dia mãe de anjo.
Hoje compreendo que tudo pelo qual passamos deveríamos passar, para que cumprisse o plano do Senhor em nossas vidas.
Em 83 dias, foi a melhor experiência que já tive, os melhores ensinamentos, a melhor escola, tive as melhores amigas, percorri o maior corredor com choro engasgado, recebi os melhores abraços e as mais belas palavras, conheci os melhores profissionais, fiz amizades pra vida, levamos amor e fé, compartilhei da dor de outras mães de UTI, renasci com todo o processo de aprendizado
Foram os melhores dias da minha vida, pois, todo dia eu contemplava minha pequena Brunna Vitória meu verdadeiro milagre.” Jeanne, dezembro de 2018