Homenagem ♥

“O Gabriel nasceu dia 8 de setembro, de 32 semanas, pesando 1.87kg. Como mãe, senti ansiedade, culpa e medo. Na condição de mãe de 1a viagem, fui pega de surpresa virando mãe de UTI. Mesmo assim, estava esperançosa pois o boletim médico indicava uma alta iminente, dado que Gabriel não tinha nenhum problema. Para nosso choque, dia 11 de setembro veio a enterocolite necrosante.
Fiquei com medo de pesquisar a doença, confiei em Deus. Gabriel foi operado aos 10 dias de vida, com obstrução intestinal. Seu estado era grave e eu senti muito medo. Me agarrei a imagem de Nossa Senhora que ficava em cima de sua incubadora. No dia seguinte a cirurgia, a bolsa de colostomia não funcionava mais. Os médicos queriam fazer outra cirurgia para descobrir porquê, mas por sorte ela voltou a funcionar. Fiquei muito agradecida. Nessa montanha russa que é a estadia na UTI, a gente aprende a comemorar todas as vitórias e a chorar todas as tristezas. Aprendi a interpretar tudo sobre o Gabriel, cada queda de saturação, redução na quantidade de urina, eu notava cada detalhe. Além da ECN, Gabriel teve uma infecção que os antibióticos não fizeram efeito. Ele teve uma parada cardíaca dia 6 de outubro, mas continuou lutando. Lutou muito, mesmo com os médicos não acreditando mais. Eu tive a honra de pega-lo no colo no dia 10 de outubro, sentir seu cheirinho, meu coração despedaçando, sentindo já a despedida. Os olhinhos do Gabriel abertos, olhando para a gente… No dia seguinte, ele olhava como que pedindo socorro. Eu queria tanto poder trocar de lugar com ele. No dia 12 de outubro, ei falei para ele que o apoiaria na decisão que ele tomasse, porque eu via seu sofrimento. Só pedia a Deus que ele não partisse quando eu ou o pai estivéssemos por perto, pois não aguentaríamos. Rezei muito. As 23:14 do dia 12 de outubro de 2018, meu celular tocou com a pior notícia da minha vida. Gabriel me ensinou a ter fé, força e esperança, hoje ele está num mundo lindo e sem dor.”
Gabi, outubro de 2018.