Homenagem ♥
“A dor está forte, então veio a vontade de contar minha história… Sou médica veterinária, 30 anos, casada. Engravidei de gêmeas bi vitelinas naturalmente, sem ao menos ter parentesco gemelar na família, uma surpresa e felicidade muito grande! Minha gestação foi tranquila e dentro da normalidade até que com 30 semanas e 5 dias, sem nenhum motivo, minha bolsa estourou. Ana e Cecília nasceram em 4 de outubro de 2018 de parto natural, Ana com 1,720kg e Cecília com 1,590kg.
Passamos 27 dias na UTI intermediária neonatal , com as meninas se alimentando praticamente integralmente do meu leite. Cecília demorou mais a pegar peito e sempre teve o abdômen mais distendida, além de certa intercorrência com vômitos, mas muito esporadicamente. Tivemos alta com tudo certo.
Depois de 4 dias em casa, Cecília teve dois episódios de vomito significativos. Fomos para o PS e os exames (incluindo Raio-X e PCR) mostraram tudo normal. Foi passado apenas domperidona e voltamos para a casa tranquilos. No dia seguinte pela manhã ela vomitou e novamente voltamos ao PS. Não refizeram os exames mas deram soro IV e mensuraram a glicose dela, que, por volta de meia noite, estava baixa devido ao vomito. Amamentei ela no PS, a glicose foi mensurada novamente e estava normalizada. Nos internaram e um ultrassom foi marcado para o dia seguinte. Fomos para o quarto por volta de 1h da manhã. Cecília não quis mamar, mesmo eu insistindo muito. As 5hs ela vomitou e havia sangue no vomito. Fizeram um ultrassom de emergência, mensuraram glicose, marcando 567, depois de um resultado normal apenas 4hs antes. Veio então o diagnóstico chocante e desconhecido: enterocolite necrosante.
Cecília foi estabilizada e colocada na incubadora. Algum tempo depois veio a notícia de que precisaria de uma cirurgia. Retiraram 20cm de intestino. Seus rins já estavam ruins antes mesmo da cirurgia, ela já não urinava. Sobreviveu apenas 20 minutos após a cirurgia. Cecília partiu em 6 de novembro de 2018.
Ana está ótima, com quase 4 meses e se desenvolvendo bem. Agradeço a Deus por ela. Ela me dá paz, mas as vezes quando vejo gêmeas, a dor vem forte, assim como os por quês e todas as angustias…” Julia, fevereiro de 2019