“Enterocolite necrosante. Nunca tinha ouvido falar, mas pela semântica complicada deduzi que era grave. E fiquei assustado porque foi o médico que cuidava do meu filho com menos de 10 dias que me falou essas palavras, ao me explicar porque ele seria operado.

Arthur nasceu de 29/30 semanas. Ruivinho, pequeno e tão frágil, foi direto para a UTI neonatal. Nem eu, nem minha esposa, pudemos pega-lo no colo, mas entendemos que era o melhor naquela situação.

Alguns dias depois a ENTERCOLITE NECROSANTE veio e, junto, a necessidade de cirurgia, que foi um sucesso. Infelizmente, alguns dias depois veio a necessidade de nova cirurgia, mas a situação do Arthur era tão frágil, que provavelmente ele não suportaria. Foi feita então uma ileostomia, com sucesso também. Alguns dias depois, outra cirurgia era necessária. Essa foi mais complicada, interrompida no meio para ser continuada no dia seguinte. Os médicos tinham medo do Arthur não resistir.

O cirurgião nos contou então que as chances do Arthur, com 20 dias de vida, eram mínimas: mais da metade do intestino dele foi resseccionado, e o restante aparentava isquemia, os indicadores sanguíneos dele atestavam um avanço da infecção e falência renal pelos antibióticos… eu literalmente me preparei para o pior. Literalmente mesmo, porque cheguei a fazer os preparativos práticos para a partida do Arthur.

Felizmente, só o que partiu foi a minha desesperança e incredulidade. Arthur resistiu e se recuperou. Depois da reconstrução de seu intestino, aos quatro meses, Arthur teve uma alimentação muito especial. Depois disso, introduzimos sólidos, mas ele só veio a se alimentar bem, mastigando direitinho, depois dos três anos.
Eu e minha esposa ficamos ainda mais unidos durante esse período, enfrentamos juntos com nosso filho os problemas que ele teve. No perfil “Tudo pelo meu filho, nas redes sociais, tento oferecer conforto e esperança às pessoas que enfrentam problemas semelhantes. Quando passamos por um caminho tortuoso acompanhado por gente que conhece a trilha, o fardo fica mais leve. “

Rodrigo, agosto 2018